Acordo, é mais um dia, saiu, como
sempre, atrasado, o sono, um dos poucos vícios que não é preciso gastar meu dinheiro
do lanche. Pego o busão, vejo todos aqueles, todos aqueles que se parecem
comigo, não na aparência, mas sim na sua forma de vivencia, sonhando em ter um
importado, em volta, parque araríba, jardim ingá, vila das belezas e parque Regina.
Um pedaço, só mais um pedaço que a nós foi dado. Enquanto o sono me consome
vejo todos de pé, carregados como pedaços de máquinas. Nas margens da
burguesia, Morumbi. Passo, somente passo, vê o Audi? Vê a Mercedes? E também aquela
moto dos teus sonhos? Enquanto os boys, jogam seu PsP, estou eu, pegando a
lotação sentido santo amaro, lá talvez tenha uma chance, HaHaHa. Chego ao
Plínio, as minas com seus namorados, os mano ouvindo seu funk, tem também aqueles
que fingem fazer parte da gema, ouvindo ACDC e Iron Maiden. Enquanto passam as
horas tem aulas pra entrar na faculdade, e também tenho uma única para entrar
na vida, entendendo a história, conhecendo meus horizontes, pra sobreviver
neste mundo de números, estudo os gregos, estudo os romanos, cristãos, europeus
e americanos burocratas, todos aqueles que nos contaminam com suas drogas tecnológicas.
Racismo talvez, matando sua própria raça, capitalismo selvagem. Bate o ultimo
sinal, o tempo para todos desesperados em busca de sua liberdade, preocupados
com seu programa favorito na TV, pegam a lotação, jardim ingá, Rebouças, jardim
das palmas, a caminho do seu curso, talvez, quem sabe? Passo pela casa da
moeda, em suas entranhas, onde o homem se permite ser corrompido por um
pedacinho do céu, vou pro termina de lá o dia chega ao final, pego o jardim novo
oriente e sei que tudo vai se repetir. Estou
à caminho.
Texto original de Victor Mancilha
08/06/2011
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